Em isolamento social, pessoas buscam saídas para ocupar a mente

Desde o início do isolamento social, as pessoas buscam saídas para ocupar a mente.  A medida restritiva indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma ação fundamental para reduzir a propagação do novo coronavírus (Covid-19), no Brasil assinada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e que teve início no dia 23 de março em todo o Litoral Norte, pode causar pressão psicológica e estresse em grande parte da população afetada.

As incertezas provocadas pelo Covid-19, os riscos de contaminação e a obrigação de permanecer em casa, sem contato com familiares e amigos, pode agravar ou gerar problemas mentais, segundo a OMS.

Luau

Organizar um luau e transmiti-lo pela internet foi a solução encontrada pelo caraguatatubense Sílvio Messias Sobrinho, músico há 20 anos, que é casado e tem dois filhos, sustenta sua família tocando no Vale e região em todos os tipos e tamanhos de palco. A quarentena o pegou de surpresa, já que não pode se apresentar.

Ele conta que tem estudado muito e que a oportunidade de tocar em um palco, ainda que virtual, é bom para descansar a cabeça. “A música faz bem tanto para o público, como para quem faz. É sempre uma oportunidade de alegrar o coração das pessoas e o meu também”.

“A ideia foi do Nico Caiçara, meu amigo que também é músico e mora na Tabatinga (Caraguatatuba).  Ele chamou a mim e outros músicos para esse projeto”, explica.

O show começará na página do projeto no Facebook e seguirá para a página de cada artista. Cada apresentação terá 20 minutos de duração e os estilos serão variados: MPB, reggae, forró e outros.

A 1ª Live Luau Caiçara será neste sábado (4) a partir das 21h no Facebook: https://www.facebook.com/watch/?v=518054749085272

Para a cantora e maestrina Eliana Bañeza, ficar em casa “é um prazer e não um castigo”. Ela conta que começou a mudar sua rotina na rua desde que viu os casos na China.

Quando o primeiro caso da Covid-19 foi confirmado no Brasil, a cantora e a fonoaudióloga Joice Carneiro preparavam a campanha da voz que aconteceria em abril.

“Vários empresários, patrocinadores e parceiros já estavam envolvidos nesta maravilhosa campanha que abrangia, inicialmente, as cidades de Caraguatatuba e São Sebastião. No dia 16 de março, começamos a receber comunicados das prefeituras envolvidas na campanha “Voz em Movimento” sobre o adiamento de todos os eventos públicos. Avisamos nossos patrocinadores, parceiros e apoiadores”.

A partir de então o isolamento social estabeleceu-se de vez. “Como sou professora de canto, suspendi meus alunos e imediatamente aderi às ferramentas digitais disponíveis para videoconferência, preparei material para EAD. Cada hora de aluno se transformou em 3h porque é o tempo que dedico antes, durante e depois de forma muito mais minuciosa”.

Ela também é regente do Coral Faculti/Vapi (Fraternidade e Cultura à Terceira Idade / Valorizando a Pessoa Idosa – em São Sebastião), que foi imediatamente suspenso na mesma semana.

“Pedi à secretaria o contato dos integrantes e dia-a-dia me dedico a ligar para eles e ver como estão, conversar um pouquinho, contar uma piada e até cantar, por que não? Só no Coral temos cerca de 45 idosos, que além de cantar, participam de outras atividades na Faculti. Imagine a dificuldade que estão sentindo!”, explica.

Eliana diz que não se sente estressada, apenas cansada porque mesmo dentro de casa está trabalhando “o triplo para alegrar ‘meus’ idosos e atender meus alunos”.

Ela confessa preocupação porque são muitas incertezas. “A fé sustenta e o canto suaviza as dores! Semana passada, 25 e 26 de março, chorei a perda de dois regentes maravilhosos Naomi Munakata, de 64 anos, e Martinho Lutero, de 66. Duas perdas irreparáveis para a música coral”, lamenta.

Para a vida pós quarentena, a maestrina diz: “quero meus pais vivos, quero abraçar minha filha, sair com minhas amigas, ensaiar o coro, cantar com meus alunos. Mas por enquanto, isso vai alimentando a esperança, por enquanto, a gente vai se cuidando e cuidando do próximo também com nossa distância amorosa. Por enquanto, a gente vai dando um tempo para o planeta se recuperar porque não é possível ter saúde num planeta doente. Por enquanto, a gente deve ir planejando como seremos daqui para frente porque teremos que ser melhores!’, conclui.

Pular corda

A dona de casa Cinthia Campos dos Reis Nogueira, de 33 anos, moradora de São Sebastião, teve sua rotina bastante modificada pela quarentena: “Eu ia para a academia de manhã, fazia aulas de natação duas vezes por semana e frequentava a igreja aos domingos”.

Por ser asmática, ela precisa dos exercícios diários para aumentar sua resistência e pular corda tem sido seu substituto.

Ela conta que o isolamento social mexeu pouco com sua rotina, alterando em duas horas seu horário de acordar e de dormir. “Hoje acordo 7h30 e durmo entre 23h e 23h30”, explica.

Sua rotina espiritual passou a ser online, acompanhando cultos de uma comunidade em Belo Horizonte.

O contato com outras pessoas passou a ser virtual também. “Com os amigos só por mensagens mesmo. E com a família, fizemos uma videochamada muito divertida, pois a maioria dos meus primos mora no exterior. Foi bem legal! Queremos fazer mais vezes”, conta a dona de casa. “Meus familiares estão em áreas seguras, graças a Deus, também em isolamento social. São dois no Canadá, dois no Havaí e um na Finlândia”.

Filhos, bichos e plantas

A professora de inglês Aline de Souza Santana, de 36 anos, recorre à jardinagem para desestressar. “Faço compostagem, soco casca de ovo no pilão. Meu marido que começou com este hobby e eu adoro mexer com minhas plantas, me relaxa”.

Ela e o marido Rodrigo têm dois filhos, Fernando e Bruno, de cinco e um ano e meio, e o grande desafio é entretê-los. “Eu brinco com os brinquedos, conto historinha e os levo ao quintal do condomínio. Os bichos que estão sofrendo…”, brinca ao citar as quatro gatas e dois cachorros da família, acostumados com a casa vazia boa parte do dia.

A rotina da casa com crianças e animais não é fácil, mas a professora conta que o serviço é dividido entre o casal. “Quem não está com os meninos faz o que precisar, seja almoço, roupa, limpeza, lava quintal e brinca com as crianças”.

Bater papo

Cássia de Regina, empresária, ficou impedida de praticar suas aulas de Pilates durante o isolamento social e passou a fazer alongamento todos os dias em casa. Ela passou a acompanhar missas e terços pelo Facebook e a conversar o com amigos pelas redes sociais. Ela ainda consegue tempo para ler livros e fazer palhas italianas. “E sempre agradecendo mesmo com todos esses acontecimentos, pois eu creio que é para o nosso bem!”, completa.

Ela criou um grupo no Whatsapp para reunir o pessoal em conversas boas. “Depois de uma postagem que fiz nas redes sociais perguntando como estavam se sentindo, percebi muitos tristes e aí surgiu o grupo que chama Todos Zen, só com conversas leves”, explica. Para fazer parte do grupo é só clicar no link: https://chat.whatsapp.com/Dm6Mzn0duRT8l7QVr0Kjxf .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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