Policial é proibido de usar farda para pedir companheiro em casamento

A Polícia Militar negou o pedido do soldado caraguatatubense Leandro Prior, de 28 anos, para pedir seu companheiro em casamento utilizando a farda oficial da corporação. Ele queria, por meios legais, fazer uma surpresa para o namorado durante a Parada do Orgulho LGBT+, que acontece neste domingo (23) em São Paulo.

O policial militar conheceu seu namorado, um caça-talentos de uma agência de modelos, em um momento complicado. No ano passado, ele foi filmado dando um beijo em outro homem dentro do metrô de São Paulo e estava passando por um quadro de depressão profunda. O caso repercutiu e ele teve que responder administrativamente.

No mesmo momento ainda terminou o relacionamento com o ex-companheiro por conta do estresse da situação e teve que se afastar do trabalho. Foi neste momento que conheceu o atual namorado e ele quem o ajudou a enfrentar os problemas.

“O caso do selinho teve uma repercussão muito negativa dentro e fora da corporação. Primeiro porque Prior respondeu um processo interno por estar ‘desatento em local público’ e isso gerou abalos emocionais junto com o término do relacionamento”, conta o advogado do PM, Antônio Alexandre.

O advogado conta ainda que encontrar um novo relacionamento no meio do caos que tornou-se sua vida, deu novo fôlego e novas esperanças. Por isso decidiu preparar algo especial e o pedido de noivado seria uma surpresa. Por orientação do advogado, o PM pediu autorização de seu comando para fazer o pedido usando sua farda, mas não deu certo.

“Ele respeita e tem orgulho de compor as forças de segurança e por isso o uso da farda teria um significado especial, levando em consideração tantos exemplos que vemos por aí. Para ele, não se tratava de um ato político, mas sim o encerramento de um ciclo onde ele poderia afirmar seu orgulho de ser militar e provar que isso não é nenhum obstáculo para amar quem seu coração deseja”, explicou o advogado.

Segundo o Coronel Vladimir Reis da Silva, que negou o pedido de Prior, a Polícia Militar não distingue pessoas por orientação sexual, mas tem um regulamento de uniformes, onde as ocasiões para uso do fardamento estão previstas em obediência ao Artigo 37 da Constituição Federal da Polícia Militar. Deste modo, a PM considerou que manifestações desta natureza não estão previstas no regulamento de uniformes e não há fundamentação legal para autorização.

Homofobia

Apesar da negativa da PM, a vontade de fazer algo especial persiste. “Apesar deste revés e de não poder trajar de forma orgulhosa e honrosa a farda da Polícia Militar, me esforço a acreditar que a decisão não tenha sido motivada por homofobia. São inúmeros exemplos que vejo de admiráveis atos como esse pelo mundo e gostaria de me juntar a eles. Tenho orgulho de ser quem sou e orgulho de servir a população como membro desta corporação, no entanto, através dos meios legais, iremos apurar tais fatos para que sejam esclarecidos e que se houver alguma tendência homofóbica seja extraída de uma vez por todas. Todos temos o direito de sermos quem somos”.

 

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