Canoa centenária é restaurada e volta para exposição na Ilha

Por Daniela Maiara Rossi

A canoa “Vencedora”, uma das mais antigas embarcações tradicionais de Ilhabela foi enviada para restauração e deve voltar a ser exposta na Praça Coronel Julião da Vila, centro histórico da cidade. A retirada da embarcação foi acompanhada pelo prefeito Márcio Tenório e pelo secretário de Cultura, Nuno Gallo, e a previsão é que a canoa seja entregue em julho.

A embarcação centenária foi doada ao governo municipal e estava há anos em exposição no centro da cidade, no local onde, inclusive, funcionou o maior mercado de escravos da história do município. Porém, a canoa acabou sendo retirada para dar lugar a um chafariz.

A “Vencedora” foi encaminhada, agora, para os cuidados do restaurador Marco Antônio, filho do pescador da praia Mansa, Antônio Rafael, que trabalhou na primeira restauração da canoa. A embarcação deve ser lixada, pintada e passar pelo conserto de buracos e rachaduras, mas vai manter seu formato original, com navegação à remo.

História

A “Vencedora” tem mais de 11 metros de comprimento e foi escavada em um tronco de Jequitibá por caiçaras da praia do Jabaquara há mais de 100 anos. Ela era usada no engenho de aguardente de Ernesto Tagé, um dos últimos senhores de engenho da ilha.

A canoa foi utilizada para o transporte de mercadoria e venda de aguardente na cidade de Santos desde o século XIX. Foi vendida para uma família de pescadores japoneses e doada para a Prefeitura de Ilhabela pelo caiçara de origem nipônica Renato Kengo Imakawa, que a herdou de seu avô, Bungoro Naka.

O mais tradicional transporte náutico do litoral é uma herança dos índios que povoavam a região e é esculpido até hoje pelas mãos dos nativos. A embarcação é cercada de mistérios, pois as técnicas da produção canoeira são passadas oralmente de pai para filho em todo o Litoral Paulista. Não existe nenhum documento ou manual que ensine a fazer uma canoa e, apesar da diminuição da produção artesanal, com a chegada de embarcações mais modernas e novas tecnologias, é ainda o principal meio de transporte para muitos moradores das comunidades tradicionais de Ilhabela e do Litoral Norte.

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