Ernane atribui nota 8 a seu governo e descarta oposição ao novo prefeito de SS

Como ponto positivo ele elencou obras e como negativo as relações humanas
“Novo prefeito vai encontrar caixa bem melhor” (Foto: Acácio Gomes/NI)
Por Acácio Gomes

A poucas horas de deixar o cargo de prefeito de São Sebastião depois de oito anos, Ernane Primazzi (PSC) concedeu na manhã desta sexta-feira (30/12) uma coletiva à imprensa para fazer um balanço de sua gestão.

Ele falou das principais realizações, obras entregues e em andamento, as promessas que não foram cumpridas e o processo de transição para o próximo governo.

“Não tive transição e por isso em 2009 criei uma lei para obrigar tal medida. Isso ajuda muito o próximo governo, pois a acaba a eleição e o governo tem que continuar a trabalhar”.

Ele elencou algumas obras que estão em andamento e ficarão a cargo de Felipe Augusto o seu término, entre elas: Portal de Entrada da cidade, Creche do Jaraguá, Praça Pôr do Sol de Boiçucanga, construção da Escola de Juquehy e modernização do CAE (Centro de Apoio Educacional) do Pontal da Cruz.

“Encaminhamos ainda uma licitação que deve ser iniciada em 15 de janeiro para um novo pacote de pavimentação nos bairros, cujo valor chega a R$ 13 milhões. Deixamos tudo encaminhado em relação à Operação Verão com hospedagem e alimentação aos policiais, fizemos o processo seletivo da Educação, entre outras medidas”, comentou.

Sobre as finanças, ele preferiu não falar em números. “Com certeza o novo prefeito vai encontrar o caixa melhor que eu encontrei. Eu vi hospital quebrado, frota sucateada. Como precisamos avaliar os lançamentos da virada do ano, só saberemos os valores reais a partir de 10 de janeiro”, disse.

Em relação ao futuro político, ele revelou: “A partir de 2 de janeiro vou descansar e o Felipe vai ser meu prefeito. Só vou pensar em política em março e analisar os convites. Não serei oposição por oposição, isso é para gente pequena. Oposição em palanques é diferente. Deixa o novo prefeito trabalhar”.

Avaliação e sucessor
Comentou ainda a aprovação do seu governo e o fato de seu candidato na disputa eleitoral (vereador Marcos Fuly – PTB) não ter sido bem votado.

“Aprovação de governo é uma coisa relativa. Se for só pela rede social, minha administração é desaprovada. Estou com a consciência tranquila de que trabalhei muito pela cidade. Só vou saber se meu governo foi bom daqui quatro anos, quando houver o comparativo com o governo do Felipe. Sobre meu candidato, ele foi escolhido às vésperas das eleições e disputou contra nomes que trabalharam três ou quatro anos, isso foi decisivo. Não foi por causa da rejeição ao governo que ele (Fuly) não teve votação expressiva. Se fosse assim, o Wagner Teixeira saiu do governo e não foi bem votado. A questão é que a disputa ficou polarizada e a tendência do eleitor é votar em quem está na frente”, avaliou.

Como ponto positivo, Ernane disse que sua administração foi a que mais realizou. “Fizemos muitas obras, passamos por uma crise e nosso orçamento teve queda por conta dos royalties. Muita coisa ainda há de se fazer. Sem modéstia, de zero a 10, minha gestão merece sete ou oito. Agora, se contar a corrente negativa, a crise e a oposição, merecia nota mil”.

Como ponto negativo, ele elencou as relações humanas. “Trabalhar com pessoas é complicado e hoje não trabalharia com alguns que fizeram parte do meu governo. Traição no mundo político é normal, mas são coisas da vida e a gente aprende”.

Saúde
Sobre o Hospital de Clínicas de São Sebastião, Ernane revelou que na sua gestão houve avanços como reforma na maternidade, quimioterapia, UTI, apartamentos, recepção, bem como aquisição de gerador.

“Peguei um hospital com dívidas de R$ 7 milhões com fornecedores e um passivo de R$ 25 milhões de ações trabalhistas. Hoje isso diminuiu para R$ 6 milhões e um passivo de R$ 20 milhões de ações. Pagamos as indenizações, o 13º salário, recuperamos a filantropia e ainda atendemos bem a população da cidade e de municípios vizinhos”.

Ernane também fez uma avaliação sobre a Fundação de Saúde Pública e a possibilidade de a autarquia passar por auditoria no novo governo. 

“Foi muito boa a criação da Fundação, conseguimos resolver vários problemas, principalmente no atendimento nos bairros. Sobre uma eventual auditoria, o novo governo não faz mais que a obrigação. Tem que fiscalizar mesmo, mas vai achar tudo em ordem. Inclusive, a Fundação de Saúde já se tornou a primeira Organização Social (OS) Municipal”, comentou.

Recentemente entregue pelo seu governo, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas do Centro apresentou problemas e a mudança do prédio antigo para o novo foi retardada.

Ernane também falou sobre o assunto: “Entregamos a obra antes, justamente para saber que ajustes seriam necessários antes da Virada do Ano. Identificamos problemas de retorno de água no ar condicionado e os problemas foram solucionados”.

Promessa de campanha
Uma das principais bandeiras de Ernane na campanha para sua reeleição foi a construção do Hospital da Costa Sul e ele termina o governo sem poder inaugurar o empreendimento em Boiçucanga.

Ele explicou que muitos imbróglios atrasaram o andamento das obras. “Lá atrás vimos a necessidade de se ter um Hospital na Costa Sul pela quantidade de partos, deslocamento de viaturas e os números que apontavam que 40% do atendimento no Centro eram de pacientes da Costa. Iniciamos o processo de negociação do terreno e o valor inicial era R$ 200 mil e depois de muita briga a Justiça fez um laudo de R$ 2,5 milhões pela área. Só neste processo foram seis meses”, explicou. 

“Aí fizemos o projeto e a comunidade pediu audiência alegando que o prédio estaria acima do limite de altura permitido e então fizemos lei específica. Iniciamos a obra e quando chegamos a 52% do empreendimento tivemos de parar por problemas financeiros da Prefeitura. Ou continuava a obra ou cortava verba para o hospital já existente. Rescindimos o contrato com a empresa e iniciamos um novo processo licitatório quando as finanças foram acertadas. Houve pedido de impugnação e atrasamos mais oito meses o início da segunda fase. Enfim, entregamos 80% da obra concluída, o que representa R$ 14 milhões pagos, restando apenas forro, pintura, parte do piso e a vidraçaria frontal. Faltarão R$ 6 milhões para a compra de equipamentos”, finalizou.

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