Grupo fabrica itens exclusivos para pacientes com baixa imunidade

Um grupo de voluntárias chamado “Eu Faço Pra Você”, que atua em Caraguatatuba desde setembro de 2018, prepara itens que muitas pessoas nunca pensaram ser importantes, mas que fazem toda a diferença para pessoas doentes. Cerca de 15 mulheres confeccionam e enviam gratuitamente máscaras de proteção, turbantes e gorros para pessoas enfermas, com baixa imunidade, transplantados ou processo de hemodiálise, rádio e quimioterapia. São pelo menos 70 envios semanais na cidade.

Maria Célia de Oliveira, a Celinha, é artesã e coordenadora do projeto em Caraguatatuba. Ela dispõe de seu ateliê, todas as quartas-feiras, para que o grupo de voluntárias se reúna para confeccionar as peças. As mulheres riem e conversam enquanto uma corta, outra costura e as demais tricotam. Além disso, ela reforça que o número de voluntários indiretos é maior e que nem é possível mensurar.

Celinha é exigente com a qualidade das peças, assim como com o processo de embalagem. “Recebemos doação dos tecidos, das linhas e até das etiquetas. Todo envio vai com um recadinho nosso; não sabemos quem vai receber, mas queremos que saibam que enviamos com muito amor, em cada envelope vão muitos sentimentos: desejo de cura, de alegria, autoestima”, emociona-se.

A máscara foi desenvolvida com consultoria médica, pensando em praticidade, conforto e bem-estar do paciente. A parte externa das máscaras é de tricoline (100% algodão), para evitar o risco de alergias e por dentro o percal, tecido fácil de lavar e o elástico usado também resiste ao calor (para esterilização); são seis tamanhos de máscara, desde baby até adulto.

O projeto começou em Presidente Prudente e hoje está presente em diversas cidades do país. Para receber as doações, basta enviar um e-mail para projeto.eufacopravoce@gmail.com e a equipe faz o envio, gratuitamente.

Arrecadação

A equipe de voluntárias recebe doações de materiais de costura, tecidos, armarinho e papelaria e Celinha alegra-se de nunca faltar material. “Empresas e pessoas sempre enviam doações; tem quem ajude o projeto financeiramente que nem sabemos quem é. Até o envio das máscaras e turbantes são gratuitos, a diretora da agência dos Correios abraçou a causa e nos ajuda muito”.

Ajudou o bode e foi ajudada

A dona de casa Silvana Cordeiro, que está em processo de remissão do câncer, ficou conhecida por ter salvado um bode da morte, pagando por ele com o dinheiro que comparia uma peruca (veja o link). Ela também recebeu doações do projeto “Eu Faço Pra Você” e conta sua experiência.

Silvana disse que via meninas usando essas máscaras de proteção, turbante e lenços e ela imaginava ser fácil de encontrar para comprar. “Quando a gente recebe o diagnóstico, é uma situação que a gente nunca imaginaria. Conversávamos sobre onde achar e no hospital eles indicavam e nos davam bastante apoio, porém, parece que quando colocamos a máscara, o turbante ou o lenço, tomamos um choque de realidade. Tenho câncer, realmente estou doente e tenho que usar”.

A dona do bode Meia Noite conta que a máscara comprada em farmácia era muito desconfortável. Ela queria algo diferente mas não achava, até que recebeu de presente. “Quando eu abri a caixinha e vi, era a coisa mais linda. O carinho e o apoio, tinha até um papelzinho que eles mandaram falando sobre o projeto, era algo maravilhoso. Tudo é feito com amor e carinho e sentimos ao receber. Foi uma sensação tão maravilhosa, parece que elas entraram na caixinha e vieram junto entregar aqui na minha casa.”, emociona-se.

No flyer do projeto, foi a frase “Junto vai nosso pedido a Deus para que seu uso seja breve” que tocou Silvana, que pretende agradecer pessoalmente o carinho recebido. “Ainda uso pra sair pra lugares movimentados, mas tenho certeza que daqui a pouco eu não vou precisar mais usar e vou guardar de recordação.

Brumadinho

Após a catástrofe do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, o projeto “Eu Faço Pra Você” de Caraguá enviou para as crianças da região 300 jogos da velha, material didático e 20 colchas em matelassê. ”Sabemos que cada um que recebeu nossos mimos sentiu o amor com que produzimos cada peça e nossos corações estão felizes em fazer parte disto tudo. Vão ser criadas duas escolas de costura na comunidade, chamadas Bobinas Cheias de Amor e a pedido das crianças a escola Bobininhas Cheias de Amor”, diz Celinha.

Os interessados em contribuir com o projeto podem acessar o Instagram @eufaçopravocêCaraguá ou Facebook Eu faço pra você Caraguá.

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