FOTO EM FOCO: En passant

 

A gente sabe que para fotografar bem é preciso aguçar o olho para capturar o instante mágico. Aquele onde tudo vibra harmoniosamente e por isso é único. No tempo, é um fragmento minúsculo, praticamente imperceptível na sucessão frenética de frames da vida que viram passado e mergulham no oblívio.
 
Precisamos de bastante treino para conquistarmos essa capacidade quase sobre-humana. Porque para congelar instantes mágicos será preciso saber antecipá-los, enxergá-los antes que eles se materializem. Pois a todo momento a existência se reconfigura em composição diferente da anterior exigindo um exercício de adivinhação que para aprisionar uma situação especial, deve prever o futuro.
 
Veneramos os mestres da fotografia por sua habilidade de fazerem isso, algo aparentemente inalcançável para nós, comuns mortais. É certo que muitas das fotos magistrais foram feitais dessa maneira, mas mesmo na época do filme, para se obter o melhor negativo, várias fotos sucessivas eram tiradas. Sim, porque esses mestres podiam queimar filme e geralmente queimavam.
 
Quem almeja fotografar com perícia precisa mesmo desenvolver esse sentido premonitório, porém, pode da situação fotografada tirar não uma única foto, mas duas ou três porque dessa forma buscaria se assegurar de ter êxito.
 
Esse sentido premonitório é um dos maiores prazeres com que a fotografia presenteia os que a levam a sério. É uma satisfação perceber esse poder nos servindo e sob sua ação criarmos uma consciência robusta do mundo, eliminando a estática que nos rodeia.
 
Porém, como toda regra às vezes até convém ser quebrada, podemos praticar também uma fotografia veloz, onde a premonição cerebral ceda lugar à intuição. Fotografar em movimento, dentro do carro, dentro do ônibus. A vida então ofusca e embaralha o olhar e aí não dá para pensar com calma. Tudo é tão rápido que não sabemos mais o quê e nem quando fotografar.
 
As fotos da coluna ilustram esse jeito intuitivo de, em fração de segundos, apontar a câmera e disparar o obturador e foram feitas à janela, em movimento, congelando paisagens, gestos, respiração.
 
Por Márcio Pannunzio
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