Pescador surpreende críticos de arte e tem obra premiada no salão de Ilhabela

Os desenhos de Ney Peixe foram selecionadas entre mais de 250 obras

Obra foi feita com lápis sobre uma janela reutilizada (Foto: Divulgação)


O 38º salão de artes plásticas de Ilhabela surpreendeu os espectadores com a premiação do pescador Ney Peixe. O conjunto de obras “Engenho D’Água” e “Virgem Maria” foi selecionado entre mais de 250 artistas e ficou com a medalha de prata na categoria desenho. A análise foi realizada por nomes de peso da arte contemporânea brasileira: Katia Canton, curadora do MAC, e Paulo Klein, crítico, fotógrafo e curador renomado.

Katia afirmou que um dos trabalhos que mais chamou atenção foi o de Ney Peixe, produzido com lápis sobre uma janela reutilizada. “Este formato de exposição é uma forma muito democrática de acolher a arte. A obra deste pescador é uma das mais belas que vi no salão e foi uma surpresa pela história do rapaz, que não vem do mundo da arte”, analisou ela.
Troféus
O primeiro lugar do salão também foi na categoria desenho. Os quadros “Luxúria” e “Sonambulismo”´, do artista plástico Márcio Pannunzio ficou com o troféu Waldemar Belisário. Ele conta que sua inspiração são as pessoas e as obras premiadas retratam rostos hiper-realistas feitos à lápis e finalizados com nanquim.
O artista afirmou que o salão teve uma de suas melhores edições este ano. “Este é um evento com quase 40 anos e muito tradicional em Ilhabela, mas a contratação de críticos especializados e a recompensa financeira para os ganhadores elevou significativamente o nível artístico da mostra. Este conceito estimula a criação e valoriza a arte”, destacou Pannuzio.
O Salão de Artes Waldemar Belisário teve inscrições provenientes de diversos locais do país nas categorias: pintura, escultura, fotografia, desenho, instalação, gravura e técnica mista. Os prêmios chegaram a R$ 1,5 mil por categoria e o troféu Waldemar Belisário rendeu R$ 3,5 mil à Pannuzio. A exposição acontece na sede da Secretaria de Cultura de Ilhabela, na Vila – centro histórico, e vai até o dia 4 de outubro.

Também foram premiados os artistas Fernando Feirabend, Masisilda Gasbarro, Alessandra Cunha, Erica Sanches, Carlos Pacheco, Sdondi, Lícia Chaves, Ana Canale, Elena Rotta, Laís Figueiredo, Rosangela da Silva, Angela Vogel, Wlakíria Rocco, Sandra Lozano, Fabio Caio Missiroli, Sonia Regina Botture, Iolanda Cimino, Laís Helena e Mara Lacerda.
Waldemar Belisário

Descendente de italianos, Waldemar Belisário escolheu Ilhabela como casa no ano de 1929.  Irmão de criação de Tarsila do Amaral, estava inserido no mundo das artes desde criança e levou o nome e os belos cenários do arquipélago para a rota artística nacional e internacional, através de suas belas pinturas.
Casou-se na ilha e, com sua esposa Celina Guimarães, passou a estimular o desenvolvimento artístico local e a vocação dos caiçaras. Refugiados na Bahia de Castelhanos, desenvolveram diversos projetos educacionais com a comunidade local, inclusive a casa do casal serviu de escola, na época. Em 1968, criaram o primeiro salão de artes da cidade, que após a morte do pintor, em 1983, passou a se chamar Salão de Artes Waldemar Belisário, em sua homenagem.

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