Mais famílias do Morro do Abrigo precisam ser removidas por conta do Contorno Sul

Com risco de
deslizamento, Defesa Civil paralisa atividades para que as pessoas possam se
mudar
Moradora mostra local do deslizamento (Foto: Mara Cirino/NI)


Por Mara Cirino

Pelo menos cinco famílias – quase 20 pessoas – precisam sair
com urgências de suas casas, na Rua Adamantina, no Morro do Abrigo, região
central de São Sebastião, porque estão ameaçadas pelas obras de implantação do
Contorno Sul. Uma pedra já rolou do morro e agora há risco de deslizamento de
terra. 



Os moradores estão preocupados porque não receberam informação se serão
indenizados pelo Dersa, responsável pelo gerenciamento da obra que é construída
pela empresa Queiroz Galvão.

Na última quarta-feira (1º), agentes da Defesa Civil
estiveram no local e paralisaram as atividades por risco às famílias residentes.
A notificação foi ao Dersa após o órgão sebastianense ser informado sobre
início de perfuração em rocha próximo às casas.

A dona de casa Cinthia de Oliveira Guimarães (foto), 36 anos, viu o
risco de perto. “Uma rocha rolou e só não caiu sobre a minha casa porque três
bananeiras velhas a seguraram”. Sua preocupação agora é que a Dersa ofereceu
pagar o aluguel social no valor de R$ 480, mas que não se acha imóvel nesse
preço na cidade.

“Eles falaram que não vão nos indenizar e que após as obras poderemos
retornar para casa. Mas se elas estão em risco, qual a garantia que temos se
voltarmos?”, questiona. O medo dela se justifica porque são cinco pessoas na
sua casa que tem quatro cômodos e não sabe como vai ficar a situação da
família. “A Queiroz Galvão até se propôs a pagar nosso aluguem por uns seis
meses, mas e depois, e se nossa casa for atingida por conta da obra?”.

Lucieli dos Santos Costa, 23 anos, questiona ainda a coerência no critério de desocupação. Segundo ela, a casa de seu avô, que fica ao lado da sua, precisará ser evacuada, mas a sua foi poupada. “Se a dele está em risco, a minha poderá
ficar ocupada?”, indaga.

Até o momento, de acordo com a Defesa Civil, a Dersa já removeu
três famílias do local pretendido  para
realizar as perfurações em rocha, mas segundo o chefe do órgão, Carlos Eduardo
dos Santos, o Carlão, são necessárias a remoção de outras três famílias para
que as atividades possam ser liberadas sem levar risco aos moradores. 
“Com a perfuração pode descer pedra e fragmentos dela sobre
a comunidade”, disse Carlão ao justificar a decisão da Defesa Civil.

Segundo ele, a Dersa afirmou que a perfuração na rocha terá
a duração de aproximadamente três dias. Porém, Carlão contestou esse prazo.
“Depois, as famílias ainda não poderão retornar, porque eles [Dersa] vão mexer
em outras rochas também próxima às residências”, explicou.

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