Família acusa médico de arrancar cabeça de bebê no parto

Polícia investiga se houve erro médico e no preenchimento do prontuário

Luciana da Costa, avó da recém-nascida, acredita em erro médico (Foto: NI)


Por Daniela Malara Rossi


Um parto realizado em 29 de junho, no hospital Stella Maris, em Caraguatatuba, está sob investigação por possível erro médico. A família do casal Kawana Roberta do Santos, 24 anos, e Diogo Felipe da Costa, 22 anos, acusa o profissional de ter puxado o bebê prematuro pelos pés e, assim, arrancado a cabeça da criança. O médico teria ainda adulterado o peso do bebê no prontuário para que fosse considerado um caso de aborto.


Luciana da Costa, 39 anos, avó paterna da criança, que se chamaria Valentina, contou ao jornal Nova Imprensa que seu filho assistiu a todo o procedimento e o casal está em estado de choque. A família é moradora de Ilhabela e, segundo ela, sua nora estava com pouco mais de seis meses de gestação, quando começou a sentir fortes dores e foi para o hospital do arquipélago. Lá, ela teria sido diagnosticada com gravidez de risco e encaminhada para a cidade vizinha, onde seria cuidada na unidade especializada.


A gestante foi orientada a ficar em repouso desde o dia 27 de junho e, no hospital, um exame teria constatado que a posição do bebê era desfavorável para o parto normal, já que os pés estariam para baixo. Segundo Luciana, três dias após sua nora ter sido internada, o médico plantonista, teria entrado no quarto, rompido a bolsa da gestante para induzir um parto normal e puxado o bebê pelo pé, o que teria provocado o descolamento da cabeça. Em seguida, ainda de acordo com o relato, Kawana teria sido transferida para a sala de cirurgia para retirar a cabeça e a placenta por meio de uma cesariana.


Luciana afirma também que a família teria ficado sem informações do bebê, que foi pesado, encaminhado para a funerária e enterrado. No prontuário médico, o peso do bebê era de 440g, o que, de acordo com a legislação, enquadra a criança como um feto e considera um caso de aborto. A família estranhou os números, já que os exames pré-natais indicavam um peso superior e a polícia foi acionada. A perícia exumou o corpo e constatou que o peso era de 612g, além disso foram observadas suturas no pescoço da vítima. Após este procedimento, foi feito um atestado de óbito, afirmando que foi um caso de natimorto, e a criança foi enterrada no Cemitério Municipal de Ilhabela.


“Estamos revoltados com a imprudência deste médico. Minha família está em choque e queremos justiça. Se depender de mim, o doutor terá sua licença cassada para nunca mais causar isso a ninguém. Eu quero vê-lo na cadeia, por isso vamos processá-lo por homicídio e ocultação de cadáver”, desabafou Luciana.







Investigação

Atestado feito no IML após corpo sair do hospital (Foto: NI)

De acordo com informações preliminares da Polícia Civil, tudo indica que houve algum erro no procedimento médico, mas é necessário aguardar o resultado da perícia do IML para afirmar o que ocorreu. O delegado responsável pelo caso, Vanderlei Pagliarini, explicou que foram feitos diversos questionamentos ao médicos legistas e o resultado deve sair dentro de 15 dias. “Verificamos que a cabeça foi arrancada, sim, e que o médico assinou um documento com um peso inferior ao medido pela perícia. Porém, precisamos de resultados mais assertivos para iniciar o inquérito”, disse ele.

A assessoria do hospital informou que o médico foi afastado para apuração do caso. “Os acontecimentos foram encaminhados para análise do Conselho de Ética Médica do Hospital e o médico em questão está suspenso até o posicionamento final do Conselho”, divulgou o Stella Maris por meio de nota.


Repercussão


Após a manifestação de Luciana em algumas redes sociais, outras mães teriam entrado em contato com ela. De acordo com a avó, houve relato de outro caso parecido em 2013, com o mesmo médico. “Descobri algumas histórias parecidas, inclusive houve a morte de uma mãe na hora do parto, na mesma noite em que a Valentina morreu”.


Luciana conta também que sua nora ainda sente dores e não consegue sair de casa. “Ela teve que passar por um parto normal e uma cesárea, antes de descobrir que seu bebê estava morto. Além disso, meu filho está traumatizado com as cenas que presenciou dentro da sala de parto. Mas ainda bem que ele não reagiu, se fosse outra pessoa, o caso poderia ter tido um desfecho ainda pior”, disse ela.






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